Ecdemomania
Então eu começo numa coisa e acabo noutra. Principio-me nas montanhas e depois faço-me à estrada. Mergulho no rio e nado até ao mar. Perco-me nos bosques e encontro-me nos palácios. Corro descalça e colecciono feridas. Sonho nas alturas e acordo nos Países Baixos.
E eu sou mesmo asssim. De um lado para o outro. Mirando o céu, invejando os pássaros, sorrindo para o desconhecido.
Mas o tempo irá passar.
E as flores nascem e de seguida os frutos e caíem folhas secas e a árvore fica despida. E eu continuo a deambular. Numa procura incessante, dou meia-volta e caío do baloiço e colho morangos e observo as estrelas. Sempre a correr atrás do tempo.
Mas o tempo irá passar.
E eu devoro a lua com um olhar de admiração e despejo tinta nas cartas que atiro pela janela. E na busca do que já não muda sou obrigada a escolher o dia seguinte. Viagem de uma mente que não se sabe cansar. E a música insiste em nunca ter fim e eu não falo mais porque não passa de um labirinto interminável. Esquerda,direita. Vozes na cabeça, flores e frutos, não paro de correr.
Mas o tempo irá passar.
Então eu canso-me da corrida e sento-me no chão mas eu já te disse que não desisti. E todos perguntam "E então?" Mas a resposta é simples de mais, Eu sou mesmo assim. Então é como se tudo começasse outra vez e eu já lançei as cartas do novo jogo.
Então eu começo num lado e acabo noutro.