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Sweet Stuff

livros, música e desabafos vários.

Sab | 18.02.17

Se eu fosse um livro...

Seria com certeza um belo exemplar. Encadernação robusta, de capa dura, cantoneiras medievais e lombada com letras douradas. Seria um pouco pesado de carregar, mas os meus donos são se importariam de me levar para onde quer que fossem. Teria um lugar de destaque na estante da sala de estar, ou do quarto, ou talvez da biblioteca municipal. 

O meu corpo seria estimado. Ninguém passaria dedos com saliva nas minhas páginas e todos se lembrariam de me limpar o pó. 

Se eu fosse um livro, saberia guardar segredos. Esconderia pequenas cartas de amor, bilhetes de comboio esquecidos e rosas secas, por abrir. Saberia ouvir e por muito tempo escutaria o pranto daqueles que me leram, as dúvidas que tiveram e os seus incessantes porquês. Seria um porto seguro, um local de conforto. Pelo menos é assim que gosto de imaginar. 

Se eu fosse um livro, adoraria cada momento em que fosse lido, cada mão que por mim passasse (quer fossem de jovens belas ou de velhos resmungões). 

E quando a história acabasse e eu fosse, de novo, colocado na prateleira, esperaria ansiosamente. Cada segundo de cada minuto. Para que uma nova mão em mim pegasse e a vida de alguém se alterasse. Para sempre.

 

Imagem de book, end, and the end

 

Obrigada à Sandra por me ter passado esta tag! Quem quiser fazer, esteja à vontade.

Seg | 13.02.17

Never Let me Go | Kazuo Ishiguro

Never Let Me Go conta a história de Kath, Tommy e Ruth enquanto estes crescem num colégio interno em Inglaterra. A narrativa é contada em analepse na perspectiva de Kath vários anos após a sua infância e adolescência.

Este livro é classificado como ficção científica, porém durante grande parte da narrativa nada me pareceu muito diferente face ao "mundo real". O mistério acerca da vida destas crianças desenvolve-se lentamente. Não existem referências a pais ou qualquer tipo de parentes, os professores estão sempre a relembrar os alunos de que estes são especiais e a sua "arte (isto é: os desenhos que eles fazem) são muito importantes.

Não sei bem o que esperava deste livro, mas com certeza não era isto. Aquilo que eu estava à espera que acontecesse desde o início, apenas aconteceu para o fim da história. Uma das personagens irritou-me imenso e foi difícil aturá-la, mas como tudo, acabei por entender o seu ponto de vista.

Este livro não é perfeito (para mim, obviamente), daí não lhe ter atribuído as cinco estrelas. Não gostei da forma como muito do vocabulário era repetitivo (palavras como daft estavam constantemente a aparecer) e existia uma estrutura que se tornava aborrecida, pois frequentemente, ao relatar os episódios dos seus tempos de escola Kath explica como ao início aquele evento não pareceu importante, mas depois acabou por se revelar fundamental nas relações que tinha com os seus amigos. Esta estrutura do parecia-irrelevante-e-afinal-não-era foi usada até à exaustão.

Não quer isto dizer que não tenha gostado muito deste livro. Adorei a forma como o autor foi casualmente deixando pistas sobre a identidade dos personagens e a forma como os seus destinos estavam traçados. Kath, Tommy e Ruth pareceram-me muito reais e palpáveis, muito humanos.
E claro, como chorana que sou, tenho de pôr o aviso aqui para os que são como eu: o final partiu-me o coração. Da melhor maneira possível.

Classificação final: 4 estrelas

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