Ilha dos Cães (quando o melhor filme em exibição está na sala mais pequena)
Aproveitei o feriado do 25 de Abril para ir ao cinema ver o último filme de Wes Anderson: Ilha dos Cães.
Sinopse: Ataru Kobayashi, de doze anos, enfrenta o corrupto Mayor Kobayashi, de Megasaki City, que com um decreto manda exilar todos os cães numa lixeira chamada Trash Island. Ataru voa até à ilha em busca do seu cão Spots. A partir daí, na companhia de um novo grupo de amigos de quatro patas, inicia uma viagem épica que irá definir o destino e o futuro da cidade.
Pelo trailer e sinopse, o filme não me despertou grande interesse, mas acabei por adorar a história. Do Wes Anderson, antes deste, só tinha visto Moonrise Kingdom e o Grand Budapest Hotel. Apesar de, gostar muito do Grand Budapest Hotel, julgo que o Ilha dos Cães acabou por se tornar o meu preferido do realizador.
5 motivos para ver a Ilha dos Cães
1. O Sentido de Humor de Wes Anderson não desaponta
O Wes Anderson é conhecido pelo sentido de humor fantástico que espelha nos seus filmes. Na minha opinião, as suas clássicas piadas sarcásticas funcionam ainda melhor neste filme de animação.
Nutmeg: Will you help him, the little pilot?
Chief: Why should I?
Nutmeg: Because he's a twelve year old boy, dogs love those.
2. A Crítica Social disfarçada de filme para crianças
A classificação para maiores de 12 anos não é por acaso. Este é um filme de animação, mas não é um filme para crianças. Passando-se numa fictícia cidade japonesa, Ilha dos Cães mostra-nos corrupção, ditadura e manipulação à la 1984 na figura de poder central: o Mayor Kobayashi.
Cuidado, Big brother is watching you!
3. (Mais uma vez) os detalhes contam
O que diferencia, muitas vezes, um filme medíocre de um bom filme é a atenção dada aos detalhes. As personagens japonesas de Ilha dos Cães falam japonês, os próprios créditos do filme aparecem nas duas línguas (Inglês e Japonês). O cuidado que houve em respeitar a cultura japonesa é visível e não existem disparates hollywoodescos absurdos (estilo personagens com casacos de cabedal da Zara em plena Idade Média, cof cof).
4. O cão é mesmo o melhor amigo do Homem
A mensagem de lealdade e honra (valores importantíssimos na cultura japonesa) está presente em todo o filme. Os cães não só são o melhor amigo do Homem, como são melhores que ele. Desprovidos da ganância humana, só querem ter alguém com quem brincar, a quem prestar socorro, ou simplesmente servir e amar o dono para o resto da vida.
5. Um bocadinho de originalidade no cinema mainstream: sim, por favor!
Este é um daqueles casos (pelo menos aconteceu comigo vá) em que o melhor filme em exibição está na sala mais pequena. A contar comigo e com o meu namorado estavam umas 15 pessoas a ver o filme. Em comparação com os restantes em cartaz julgo que este é o mais original. E um bocadinho de originalidade no meio de tanto filme igual (com armas, vinganças e humor parvo) é sempre bem-vinda!
Já viram Ilha dos Cães?