É já sabido que sou uma saudosista dos blogs. Bem sei que há mais na vida para além da blogosfera, bem sei que há mil e uma razões para alguém começar e terminar um blog, ainda assim, há dias em que penso nos blogs que nunca mais li. Não por vontade própria, mas porque foram desaparecendo.
Lembro-me da época dourada dos blogs. Uma altura em que se partilhavam pedaços de vida, pensamentos íntimos, trocavam-se impressões sobre os textos que escrevíamos. Sentia-me parte de uma comunidade secreta repleta de talento e era maravilhoso. É claro que tudo isto é um discurso um bocado à Velho do Restelo e é claro que adoro os blogs que ficaram e os outros que foram surgindo pelo caminho. Ainda assim...
Há um certo vazio em saber que o tempo em que a blogosfera era constituída por talentos anónimos que partilhavam a sua poesia despretensiosamente já foi. Ou talvez não haja. Talvez eu seja só mesmo saudosista, melodramática e melancólica. Talvez tudo isto seja um exagero. Ainda assim...
Blogs que nunca mais li e bloggers que conheci através de palavras projectadas num ecrã, obrigada. Sinto-me irremediavelmente presa a esse passado, que por ser passado dá a ilusão de ser mais e melhor, mas sei que o caminho faz-se caminhado.
Obrigada por partilharem esse pedaço de vocês, por acreditarem no poder curador da arte, por terem feito parte do caminho. Que me chamem de melodramática, quero lá saber.
1. Provavelmente já estão fartos de me ouvir falar neste livro. Só posso dizer que tenho altas expectativas e que espero recebê-lo no meu aniversário.
2. Quero ler tudo da Ferrante e estou numa fase de não-ficção, portanto este parece perfeito. Além disso gostei muito do documentário que vi sobre ela, baseado neste livro.
Não espero mais por ninguém. Já o fiz demasiadas vezes. Chega de permanecer imóvel por medo e acabar desiludida, frustrada e com esta sensação de desconforto de ver a vida a passar à frente dos olhos. Canalizei toda a minha generosidade e amor para os outros. A comprometer, a ceder, a apaziguar, a apagar fogos que nem deveriam existir. Para quê? Para conseguir separar o trigo do joio, claro. Não posso dizer que não tenha sido uma valente lição. Ainda assim, esta inércia. Ainda assim, esta angústia. Ainda assim, este e se? mas e eles? e depois o que vem?
Então e eu? E aquilo em que acredito? As únicas vezes que fui capaz de me desiludir a mim própria foram aquelas em que não fui autêntica. Negar-me a mim própria magoou-me mais do que qualquer ferida no meu coração assinada por outro. Pois bem, chega. Fica registada a decisão resoluta de que ganhei coragem. Ouviste? Ganhei coragem e não espero mais por ninguém. Quem tem o meu ritmo, que acompanhe. Não mais dúvidas, não mais "vou lá ter mais tarde", não mais unhas roídas e olhares cobiçadores à banalidade alheia. A vida é demasiado imprevisível, volátil e efémera para isso. Demasiado preciosa. Não me consegues prender ao teu apartamento bem iluminado, à tua vivência oca, ao teu desprezo garantido. Não espero mais por ninguém.
A Folio Society é uma editora britânica que vende edições de coleccionador magníficas. Os preços não são muito amigos, mas no Verão eles fazem descontos até 50% em muitos títulos. Estes são cinco dos livros que vi no site e que não me importava nada de ter (o meu aniversário é no fim do mês, cof, cof).
Para Julho, a Bárbara desafia-nos a escolher um clássico escrito por um autor asiático, ou africano. Devo confessar que este é um dos meus temas preferidos deste desafio, pois obriga-nos a fugir ao cânone ocidental e explorar novas paisagens literárias.
Estou a pensar ler Sultana's Dream (uma utopia feminista publicada em 1905), ou então aventurar-me pela poesia de Rumi.