Mais do que nunca tento apreciar todas as estações da minha vida (as boas, mas más, as assim-assim), mas não há nada como o Outono para despertar a minha criança interior. Depois de dias a andar super ansiosa e a pensar que estou mais uma vez a falhar nesta coisa da vida adulta, o Outono chega. Volto a ouvir esta música em loop, a embrulhar-me numa manta e a ler um bom livro enquanto chove lá fora.
Puxar os estores e ver que está sol lá fora, ou chuva, ou só nublado. Sentir as folhas no chão, o ar húmido, o vento a incomodar os ouvidos destapados. Pessoas a andar rápido, perdidas num ecrã, ou paradas, a tirar fotos. Edifícios e árvores e ruas e estradas, lojas e turistas, comerciantes, carteiristas. Achar que já se viveu tudo. Perceber que isso é um disparate. Voltar a sentir como se fosse a primeira vez. Chorar, ficar zangada, rir e ver sorrir. Bebés e carrinhos e velhotes de mãos dadas. Chegar a casa cansada. Compreender que amanhã não é igual, nem garantido. Respirar fundo. Começar outra vez e outra vez e outra vez.