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Sweet Stuff

livros, música e desabafos vários.

Ter | 09.10.18

O FASCÍNIO PELO DESIGN DE UM LIVRO

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Um dos aspectos mais fascinantes dos clássicos da literatura são as "capas" que os vestem. À primeira vista isto pode parecer algo de completamente fútil - ah e tal não deves julgar um livro pela capa - (e é fútil, não o nego), mas a verdade é que as várias interpretações gráficas de um livro traduzido e reeditado milhares de vezes, em centenas de países, é algo que me fascina.

 

As escolhas que o designer/ilustrador toma em relação à capa dizem muito sobre a forma como este quer representar a história e também o público que a vai receber. Pensemos em Alice. Na história original não existe qualquer descrição física da personagem. As ilustrações a preto e branco de Tenniel não nos revelam a cor dos cabelos de Alice, dos seus olhos, ou do seu vestido. Apenas sabemos a sua idade em Through the Looking Glass, quando Alice conversa com o Humpty Dumpty e confessa que tem sete anos e meio. 

 

Apesar de, não sabermos a idade da protagonista, nem as suas características físicas, fomos "contaminados" por uma pluralidade de interpretações desta personagem ao longo dos tempos. Se vos perguntar como é Alice, o mais provável é responderem que é uma menina loira, de vestido azul, com fita no cabelo e sapatos pretos nos pés. Esta interpretação é talvez a mais conhecida e "reciclada" de sempre: é a Alice da Disney de 1951

 

No que toca ao design de um livro e à escolha da capa em particular, considero incrível a forma como cada ilustrador/desiger deixa a sua marca e continua o legado de interpretações infinitas de um clássico. Quando falamos em traduções este legado é ainda mais curioso. Em algumas edições escolhe-se colocar a protagonista na capa, noutras o Coelho, ou mesmo o Gato de Cheshire. Há versões que dão ênfase à cor e brincam com a tipografia e outras que escolhem tons mais sóbrios e neutros.

 

O que concluí com tudo isto? Que um clássico da literartura como Alice sobrevive graças ao magnífico trabalho de designers e ilustradores de todo o mundo. Sim é verdade que um livro é uma obra - de um, ou mais, autores -  mas é também um objecto. Um objecto que se vende e espera-se que alguém compre. Um objecto que se quer bonito. Sendo os "clássicos", livros que passaram o teste do tempo, a diversidade de interpretações parece-me algo incrível. Cada nova edição significa uma nova possibilidade de atrair um leitor para aquela história que é tão bela e intemporal. 

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