que é virar a dor para dentro
Nos últimos tempos tenho sentido dor. Não é que a vida tenha tido mais baixos que altos, ou que não esteja já habituada à sua falta de coerência, simplesmente as lágrimas e inseguranças têm sido uma constante.
Se ainda querem ler isto, então deixem-me contar-vos um segredo: Eu tenho sentido dor, mas eu não tenho conseguido explicá-la. Tal facto deixa-me frustrada e triste, muito mesmo.
Eu sempre achei que as minhas dores eram ilegítimas e eu sempre o achei pois nunca tive uma história extraordianariamente trágica para contar e todos terem pena. Então, sempre que as coisas deixavam de fazer sentido e parecia que estava a enlouquecer a escrita era o meu refúgio. Acontece que nos últimos tempos, a pena tem estado parada, o blog tem estado parado e tenho me focado demasiado naquilo que não importa assim tanto.
Não faz mal a vida não fazer sentido, não faz mal os outros não perceberem o que se passa, não faz mal eu tentar explicar as minhas dores e ao ouvir a minha própria voz aperceber-me de que aquilo que estou a dizer não está a chegar ao outro lado. Essa pessoa errou e deu-me abraços e ouviu-me mesmo não percebendo todo o meu chorril de coisas sem nexo, e isso é algo que devo valorizar.
Nos últimos tempos tenho mudado e isso é aterrorizante, pois não sei se essa é a pessoa em que me quero tornar e fico assustada e penso que aquilo com que estou a lidar é o que me define. Que tonta. Eu sou as minhas aguarelas, a minha escrita, o meu melodrama tão característico (devia ter feito do teatro carreira amigos) e sim, o meu chorril de coisas sem nexo.
E nunca é tarde para fazer o que está certo, mesmo que neste momento, não saiba muito bem o que isso é.