TROUBLE IS A MAN
Há algo de humilhante em saber que a nossa experiência é universal. Reconfortante, talvez, mas também humilhante. Sonhamos que aquela pessoa será diferente e, depois, ela acaba por confirmar os nossos piores receios: é falível, igual a todas as outras, capaz de ser cruel em nome da honestidade, como diria a Taylor. Há algo de ridículo nisto e sei que culpar-me não ajuda, mas estou naquela fase em que só quero não sentir. Não ser assaltada por memórias, cheiros, lugares, piadas, filmes, livros. Quero ouvir uma música e não pensar em mais nada. Quero trabalhar e não pensar no que estará a fazer. Quero deixar de procurar, deixar de ter esperança, deixar de sentir-me angustiada. Por mais que uma pessoa cresça, quando alguém parte o nosso coração, regredimos a um outro estado. Somos sempre aquela criança desorientada sem ninguém a quem dar a mão. Aquela senhora sozinha a apanhar os cacos de vidro no final da festa.